domingo, 13 de julho de 2008

O Manejo da Ansiedade do Paciente Internado na UTI

O Manejo da Ansiedade do Paciente Internado na UTI A compreensão das causas e processo que mantém a ansiedade nos pacientes internados na UTI vai propiciar uma intervenção efetiva e o estabelecimento de rotinas preventivas de situações ansiógenas na Unidade de Terapia Intensiva.



A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade que desperta uma infinidade de sentimentos, como: medo, fantasias, ansiedade, estresse, depressão, tensão, entre outros. No momento da admissão do paciente na UTI, normalmente abrupta, o mesmo pode reagir com sentimentos reais de desamparo, ao se ver “abandonado” e tendo sua vida entregue nas mãos de pessoas que desconhece e nas quais deve confiar para a continuação de sua existência.
Os pacientes experienciam o medo real da morte, a forçada dependência, as potenciais e permanentes perdas de função, a separação da família e a perda de autonomia. Nessa situação de crise o paciente internado apresenta inúmeras repercussões psicológicas, das quais a ansiedade é a mais comum.
A ansiedade é um sinal de alerta que adverte sobre o perigo iminente e capacita a pessoa para medidas eficientes, sejam de enfrentamento ou de fuga. É uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou de origem conflituosa. (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 1997).
Segundo GUIMARÃES (2001), a ansiedade é uma resposta de proteção que vai preparar o organismo para atacar ou fugir de um perigo, real ou não. Essas respostas ocorrem diante de situações percebidas como estressantes, ameaçadoras ou potencialmente perigosas. O indivíduo ansioso coloca-se em posição de alarme, física e psiquicamente.
No quadro de ansiedade, o problema predominante é uma preocupação excessiva e irrealista sobre algumas ou várias circunstâncias de vida. A pessoa pode se preocupar com sua saúde, a possibilidade de morrer, eventuais incapacitações decorrentes da doença, etc. Diante dessas, superestima sistematicamente os perigos associados à situação. Esta percepção distorcida desencadeia mudanças automáticas, inibe ou paralisa o comportamento que estava sendo desenvolvido e o deixa hipervigilante, sondando o ambiente em busca de sinais de perigo.
As informações distorcidas, crenças pessoais a respeito da hospitalização e evolução clínica e até mesmo a falta de informações sobre si mesmo e o ambiente são determinantes no aparecimento e manutenção da ansiedade, já que se trata de um ambiente que representa um risco iminente de morte, muitas vezes real.
A ansiedade é uma resposta à percepção de um perigo. Distorções consistentes no processamento de informações levam à percepção errônea de perigo e à experiência da ansiedade. A ansiedade patológica está relacionada ao processamento seletivo de informações de ameaça. Os pacientes ansiosos também percebem seus recursos como inadequados para enfrentar a ameaça. (KAPLAN e SADOCK, 1999).
"A idéia básica do modelo cognitivo dos transtornos emocionais é o de que não são os eventos em si que os provocam, mas sim as interpretações feitas pelas pessoas desses eventos que são determinantes na produção das emoções negativas experienciadas”. (SHINOHARA e NARDI, 2001, p. 221).
Diante disso, a problemática da ansiedade exige primeiramente uma análise funcional para a identificação de como o paciente está percebendo a hospitalização, sua doença e o estar na UTI. A investigação da história de enfrentamento do paciente diante de situações ansiógenas do dia-a-dia ajuda na identificação do seu padrão de comportamento diante das mesmas. Cabe ao psicólogo contribuir na diminuição dos sentimentos decorrentes da internação, ajudando o paciente a perceber suas possíveis distorções, a esclarecer suas dúvidas com a equipe de saúde, propiciando a diminuição das tensões e estresse envolvidos no processo de recuperação do paciente.
A resolução do adoecer psicológico, resultante do estar doente, irá depender do equilíbrio entre a estrutura emocional do paciente, seu recursos adaptativos e da realidade externa. Diante disto torna-se necessário estabelecer condutas a serem tomadas por toda equipe frente as possíveis reações do paciente.
O trabalho em equipe é essencial no manejo da ansiedade do paciente em UTI, já que resulta no paciente sentindo-se compreendido, mais seguro, amparado, aceito e assistido como um todo, tendo, então, condições para entender sua doença tanto no aspecto fisiológico como nas implicações emocionais, conscientizando-se do que é real e das fantasias.
Autor(es): Psic. Beatriz PianowskiPsicóloga Beatriz Pianowski CRP: 08/08735 Psicóloga clínica e hospitalar. Pós graduação em Psicologia da Saúde e Hospitalar. Responsável pelo Serviço de Psicologia do Hospital Vita – Curitiba - PR. Supervisora do II módulo do Curso de Psicologia Hos E-mail: biapianowski@psicosaude.com.br

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